Aline Oliveira
Ao contrário do mito popular, Cristóvão Colombo não "descobriu" a América em 1492, mas sua chegada marcou o início da exploração colonial europeia no continente. As Américas, palco de milênios de culturas indígenas, foram moldadas por séculos de sofrimento, escravidão e crueldade, mas também deram origem a uma arquitetura magnífica que resiste ao teste do tempo.
Fortificações e o Encanto de Havana
No início do século XVI, as potências europeias construíram fortificações imponentes para proteger suas colônias das ameaças de piratas e exércitos rivais. Havana, nascida em 1519, destaca-se como a única grande cidade do Caribe, graças aos seus imponentes fortes espanhóis. O Castillo de la Real Fuerza, a Fortaleza de San Salvador de la Punta, o Castillo del Morro e o Castillo de San Carlos de la Cabana são testemunhas duradouras dessa era, contribuindo para o encanto peculiar da Velha Havana.
Superando desafios, os espanhóis ergueram magníficas estruturas, como o Palacio de los Capitanes-Generales, hoje Museu da Cidade, na Plaza de Armas. Construído com calcário coral pesado, o palácio é um testemunho da habilidade arquitetônica espanhola e abriga o Historiador da Cidade, desempenhando um papel central no programa de renovação de Havana.
Restauração em Cuba: Trinidad e a Antiga Havana
Na década de 1970, Cuba empreendeu significativas obras de restauração, destacando-se a renovação sutil de Trinidad, uma cidade colonial espanhola que resistiu ao tempo, à pobreza e à revolução. A UNESCO desempenhou um papel crucial, fornecendo capital para a preservação de locais como Trinidad e a Antiga Havana. Esses esforços não apenas salvaguardaram o patrimônio arquitetônico, mas também revitalizaram essas áreas históricas.
Barroco Monumental nas Américas: México e América do Sul
Liderados por Hernán Cortez, os espanhóis deixaram uma marca duradoura nas Américas, desenvolvendo uma arquitetura barroca monumental. Exemplos notáveis incluem a extravagante catedral de Zacatecas, no México, e a igreja de San Sebástian y Santa Prisca, em Taxco. A paixão pela ornamentação luxuriante permeou diversas culturas americanas, evidenciando-se em construções rurais no México, onde índios continuam a erguer casas decoradas com materiais naturais.
Teatro Amazonas: Uma Pérola Barroca na Selva Amazônica
Uma surpresa arquitetônica surge no coração da floresta amazônica brasileira: o Teatro Amazonas, anteriormente conhecido como a Ópera de Manaus. Erguido entre 1888 e 1896, este edifício extravagante teve que ser reconstruído quatro vezes devido a cupins, umidade intensa e outras ameaças. Sua estrutura de ferro da Escócia, pedra da Itália e detalhes de bronze da França refletem a grandiosidade barroca.
O Teatro Amazonas, palco de apresentações notáveis, simboliza o lado dramático e decididamente barroco do continente. No auge de sua glória, recebeu performances do Balé Russo, Jenny Lind e Enrico Caruso, tornando-se uma jóia cultural no coração da selva amazônica. Uma verdadeira expressão da riqueza e complexidade da arquitetura barroca nas Américas coloniais.
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Fonte:
GLANCEY, Jonathan. The Story of Architecture. London: Dorling Kindersley, 2000.
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