Aline Oliveira
No coração do mundo gótico, onde cavaleiros destemidos galopavam em busca de honra, amor cortês e justiça, os castelos emergem como testemunhas silenciosas de um passado repleto de intriga, coragem e ambição. Além das majestosas catedrais, essas moradas fortificadas eram os verdadeiros ícones de seu tempo, projetados para resistir a tempos tumultuosos e proteger aqueles que ousavam entrar em suas muralhas imponentes.
Entre os locais mais fascinantes e memoráveis, destaca-se o magnífico Krak des Chevaliers, uma fortaleza que ergue-se altaneira na paisagem da atual Síria. Construído entre 1142 e 1200, este castelo foi originalmente oferecido aos Hospitalários, uma ordem de cavaleiros que zelava pela segurança dos peregrinos em sua jornada à Terra Santa. Com sua muralha maciça inclinada, coroada por torres redondas imponentes, o Krak des Chevaliers representa um exemplo icônico de defesa e grandiosidade. O castelo abrigava cavaleiros em sua estrutura impenetrável e testemunhou inúmeros cercos árabes antes de ceder ao ataque em 1271, perpetuando sua aura de invencibilidade até os dias atuais.
Enquanto isso, nas Ilhas Britânicas, o rei Eduardo I empreendeu a construção de castelos ao longo da fronteira anglo-galesa, com o objetivo de subjugar os celtas. Essas fortalezas monumentais, como Conwy e Beaumaris, erguem-se como lembranças dos dias de domínio e resistência. A estonteante simetria de Beaumaris, com seu duplo revestimento de muralhas e design defensivo meticuloso, reflete a engenhosidade empregada na criação desses monumentos.
À medida que o tempo avançava e as ameaças se alteravam, os castelos evoluíam. Na Inglaterra, pequenos castelos cederam lugar a mansões fortificadas, exemplificadas pelo esplendor do Castelo de Stokesay. Uma verdadeira joia da arquitetura, esta edificação combinava a elegância de um grande salão de teto alto com os elementos de defesa presentes em uma torre e portão guarnecido. A transição de castelos tradicionais para residências fortificadas marcou uma nova era na história dessas estruturas monumentais.
Na Espanha, a dualidade entre conservadorismo no norte e glamour no sul se refletiu na arquitetura dos castelos. O Castelo de Coca, uma obra-prima mudéjar do século XV, equilibrava defesa e estética, destacando-se por suas cores vibrantes e design requintado. Enquanto o grande período de construção de castelos chegava ao fim no final do século XV, muitas cidades ainda se ocultavam atrás de muralhas e ameias, como é o caso da icônica Carcassonne, no sul da França. A visão romântica que temos hoje dessas estruturas frequentemente é resultado da restauração do século XIX, conduzida por visionários como Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc.
Os castelos permanecem como eloquentes narradores de uma época de coragem, devoção e inovação arquitetônica. Cada torre, muralha e passagem intrincada conta histórias de cavaleiros e damas, batalhas épicas e uma busca constante por segurança em meio a tempos incertos. Hoje, esses castelos continuam a nos encantar com sua grandiosidade e a nos transportar para um passado onde a linhagem de pedra e aço entrelaçava-se com o tecido da história humana.
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Fonte:
GLANCEY, Jonathan. The Story of Architecture. London: Dorling Kindersley, 2000.
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