Aline Oliveira
Quando os conquistadores espanhóis desembarcaram em terras desconhecidas e se depararam com a grandiosidade da Mesoamérica antiga, ficaram atônitos diante de uma arquitetura monumental que desafiava suas noções preconcebidas. O coração do México abrigava cidades impressionantes, sendo Teotihuacán um dos mais notáveis exemplos.
Teotihuacán, com suas avenidas grandiosas e espaçosas praças, era dominada por imponentes pirâmides em degraus, cujos propósitos, como os sanguinários conquistadores descobriram, incluíam sacrifícios humanos diários para apaziguar os deuses. O Grande Templo de Teotihuacán testemunhou rituais chocantes, com estimados 10.000 a 80.000 vítimas sacrificadas em quatro dias.
A joia da coroa arquitetônica de Teotihuacán é a Pirâmide do Sol, erguida por volta de 50 d.C. Medindo impressionantes 217 metros na base e com uma altura remanescente de 57 metros, esta pirâmide sobrepõe-se a estruturas mais antigas. A ausência de rodas na engenharia mesoamericana é intrigante, mas a forma piramidal, presente em diversas civilizações, revela uma habilidade extraordinária.
A vida cotidiana dos astecas e maias era vivida ao ar livre, refletindo-se na arquitetura que apresenta poucas janelas e ausência de decoração interior refinada. Templos, palácios de governadores e quadras de bola destacam-se como estruturas fundamentais, revelando um estilo único. Cidades como Uxmal, Yucatán, preservam a arquitetura maia do período de 600-900 d.C., com edifícios como a Casa do Governador, o Templo do Mago e o Quadrângulo do Convento.
Machu Picchu, erguida por volta de 1500, destaca-se não apenas pela arquitetura, mas também pelo espetacular cenário. Empoleirada entre dois picos, essa cidade-fortaleza oferece uma visão única de casas, templos e cemitérios construídos solidamente em pedra. Apesar da escassez de detalhes decorativos, Machu Picchu permanece como uma das maravilhas do mundo, onde as criações humanas se fundem harmoniosamente com a natureza.
Infelizmente, grande parte da arquitetura das civilizações mesoamericanas não resistiu ao tempo e aos estragos dos conquistadores. Pouco resta das pirâmides de terra da América do Norte, mas no México, Guatemala e Peru, as ruínas contam histórias de um passado grandioso. Os descendentes dos astecas, hoje pobres e explorados, buscam preservar sua identidade, destacando-se através do Exército Zapatista de Libertação Nacional.
A arquitetura monumental da Mesoamérica antiga continua a intrigar e inspirar, recontando uma narrativa rica e complexa que transcende o tempo e conecta-se aos desafios enfrentados pelos povos indígenas até os dias atuais.
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Fonte:
GLANCEY, Jonathan. The Story of Architecture. London: Dorling Kindersley, 2000.
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