Da Modéstia à Magnificência: A Era do Absolutismo e a Arquitetura Renascentista

Aline Oliveira

A arquitetura renascentista, um movimento que se espalhou rapidamente pela Europa, deixou sua marca majestosa em diversos países ao sul dos Alpes. No entanto, essa influência demorou a chegar à França, Países Baixos e Grã-Bretanha. No século XVI, elementos renascentistas italianos começaram a aparecer nesses lugares, resultando em uma mistura de detalhes parcialmente absorvidos. Essa fusão é visível nos châteaux franceses e nas casas de campo jacobinas e elisabetanas desse período. Algumas dessas residências se destacam, como os impressionantes châteaux às margens do rio Loire, como Chenonceaux (1515-23) e Chambord (1519-47), ou ainda, na Inglaterra, obras como Wollaton Hall, Nottingham (1580-85) e Hardwick Hall, Derbyshire (1590-97), ambos projetados por Robert Smythson.

O Renascimento também deixou sua marca na Espanha, onde o estilo renascentista se infiltrou gradualmente. Um exemplo notável é o palácio de Carlos V, em Granada (1527-1568), projetado por Pedro Machua e seu filho Luís, influenciados por Rafael e Bramante. O destaque desse palácio é o pátio circular central, um local contemplativo e surpreendente. No entanto, o Renascimento espanhol ganhou uma abordagem única com o ascetismo de Filipe II, cujo reinado absoluto contrastava com sua vida de monge. O palácio-mosteiro Escorial (1562-1582), projetado por Juan Batista de Toledo e Juan de Herrara, reflete essa dualidade, com suas paredes nuas escondendo um complexo de edifícios dedicados à religião, educação e governo. O Escorial personifica uma abordagem monumental da arquitetura, capturando a essência de um país simultaneamente sensual e puritano, expressivo e conservador.

A França, por sua vez, adotou plenamente a arquitetura renascentista à medida que o poder da monarquia crescia durante o reinado de Luís XIV, também conhecido como "Rei-Sol". Com uma monarquia absoluta e uma personalidade egocêntrica, Luís XIV moldou a arquitetura à sua imagem. A imponente igreja de Val-de-Grace (1645-1647), projetada por Jacques Lemercier, e o icônico Palácio de Versalhes (1661-1756), concebido por arquitetos como Louis Le Vau, Jules Hardouin Mansart e Ange-Jacques Gabriel, ilustram essa grandiosidade. Versalhes era monumental, abrigando milhares de cortesãos ansiosos por favores reais. O Salão dos Espelhos, famoso por sua opulência, até inspirou projetos arquitetônicos em momentos históricos subsequentes, como a Chancelaria do Reich do Führer em Berlim.

Enquanto a arquitetura clássica francesa evoluía, sua natureza fria e monótona se destacava na fachada leste do Palácio do Louvre (a partir de 1667), uma colaboração entre Louis Le Vau, Claude Perrault e Charles Le Brun. A marcante repetição de pares de colunas coríntias ao longo da fachada se tornaria característica da arquitetura clássica francesa. Com o tempo, o estilo da corte francesa divergiu do estilo cívico e humano das arcadas da Place Royale para abraçar uma estética mais majestosa e distante.

A arquitetura renascentista, com suas influências diversas e grandiosidade inegável, moldou a paisagem urbana de vários países europeus, refletindo as características e valores de cada nação e época.

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Fonte:

GLANCEY, Jonathan. The Story of Architecture. London: Dorling Kindersley, 2000.

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